terça-feira, 2 de abril de 2013

Lusitânia

"Lusitânia", fanzine com contos de Catarina Lima, Inês Montenegro, José Pedro Lopes, Marcelina Gama Leandro, Nuno Almeida e Pedro Cipriano (EuEdito)

Opinião:
Como sempre, deixo primeiro uma opinião sobre os contos e depois uma sobre a edição no geral.

"Sonhos Numa Noite de Natal", Marcelina Gama Leandro (ilustração de Inês Valente)
Um conto envolvente, muito português, e bem escrito, como a Marcelina já nos habituou. A história mantém o leitor agarrado, embora eu tenha achado o final um pouco exagerado.
A ilustração está muito fofa mas não se adapta bem ao tom lúgubre que toma conta do conto em quase toda a sua extensão.

"Vinho Fino", Inês Montenegro (ilustração de Bruno R.)
Esta história, muito agoirenta para os nortenhos (Hehe!) tem boas cenas e uma ideia muito interessante. A escrita da Inês é muito eficaz e funciona bem neste conto, no entanto achei que a 'invasão' foi demasiado genérica e precisava de ser mais explorada.
A ilustração que acompanha este conto é muitíssimo apropriada.

"Como Portugal foi Salvo pelos Pastéis de Nata", Catarina Lima (ilustrações de Andreia Silva)
Com uma protagonista muito vivaça e com quem é fácil simpatizar, Catarina dá vida a um conceito de fantasia urbana que é bastante credível. Só não percebi o porquê do título, já que não foi Portugal que foi salvo, mas sim Lisboa. Para terminar, tenho de dizer que gostava de ler mais aventuras da bruxa Maria Adelaide, uma personagem muito interessante.
Uma notinha especial para as belíssimas ilustrações da Andreia Silva.

"A Guerra do Fogo", Nuno Almeida (ilustrações de desconhecidos)
Um conto que vai buscar a raiz da história Lusitânia, algo que gosto sempre de ler, e cuja ideia principal é bastante interessante. No entanto a prosa nem sempre acompanhou bem as acções, especialmente por culpa da sucessão das cenas, que me pareceu, por vezes, exageradamente flexível. Por último, aquele diálogo final soou-me imensamente teatral.
A ilustração inicial está bem adequada ao conto, e a segunda também, embora num estilo completamente distinto. Gostava era de saber quem são os artistas.

"A Cidade das Luzes", José Pedro Lopes (foto de desconhecido)
Com uma ideia muito bem conseguida e original (ou tanto quanto se pode ser original no dias de hoje), esta história está interessante, embora aquela 'solução' final me tenha soado muito conveniente e totalmente inexplicada, o 'final' mesmo já foi mais satisfatório.
Este é, de toda a fanzine, o conto que menos parece lusitano. Podia-se passar em qualquer parte do mundo e não haveria diferença; no entanto não é isso que lhe tira mérito.
E a acentuar o que disse acima, a foto parece-me que nem é de Lisboa (ou sequer Portugal), mas acaba por funcionar no contexto. Mais uma vez, gostaria de saber quem é o artista.

"A Passagem Uivante", Pedro Cipriano (ilustração de Tiago Figueiras)
O tema deste conto é interessante e o Pedro conseguiu contar esta história de forma eficiente, sem dizer de mais, mas transmitindo que chegue.Senti foi falta de mais explicações sobre como as personagem chegaram ali. O autor dá-nos luzes, mas soube a pouco. No entanto tenho de confessar que adorei o final.
Este é outro conto que, apesar de mais lusitano que o anterior, poderia também passar-se em qualquer parte do mundo, sem que isso fosse muito notado.
A ilustração está de acordo com o tema, mas não directamente com o conto. Mesmo assim não deixa de ser bonita.

O balanço final é bastante positivo. Nenhum dos contos é particularmente mau e alguns são bastante bons. No entanto tenho de falar no design: fundos muito escuros, várias gralhas nos textos, hifenização de meter dó (no conto do Nuno Almeida) e descuido na atribuição de menções a artistas e escritores (ex: na capa falta o nome do José Pedro Lopes; e não sabemos quem são alguns dos artistas). Fora isso, o trabalho editorial não está mau, mas estes erros distraem o leitor (e muito, em certos casos).
Noutra nota, achei imensa graça ao anúncio do Almanaque Steampunk, embora na altura em que a fanzine foi publicada, o evento já tivesse passado.
Por fim, quanto à capa da Raquel Leite, confesso, não me convenceu, mas depois visitei o blog da artista e via a imagem em tamanho maior e é outra coisa! Embora a luz não me agrade muito, na capa da Lusitânia ficou bastante mal, parecendo uma foto-manipulação mal feita.

Visitem o blog da fanzine.

Sem comentários:

Enviar um comentário

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails