quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Início - A Saga de Alamar

"Início (A Saga de Alamar 1)", de Diana Franco de Sousa (Temas Originais)

Sinopse:
Um mundo em que o auge da sua civilização já há muito passou, e tudo o que desses tempos dourados resta são lendas e manuscritos espalhados ou perdidos. A herança que restou dessa altura foi a magia e a tecnologia, que têm vindo a ser usadas até ao extremo… até quase se esgotarem. Cada pessoa batalhava por mais magia, mais poder. Duas nações acabaram por se formar, acabando com a paz que antes fora tão arduamente conseguida. Até que o próprio planeta se vira contra a população, farto de tanto ódio e corrupção. Recorrendo a magia intemporal, os campos começam a ficar desertificados, a magia ganha vida em forma de criaturas negras, tornando a maior parte do continente inabitável. A nação teme pelas suas vidas, prevendo o fim da sua era. É no meio de uma busca desesperada que os Antigos são descobertos, seis seres com poderes até ali apenas vistos como lendas e histórias. Que irão eles fazer para salvar aquele planeta? Conseguirão eles o seu objectivo? Ou será já tarde demais? Tudo o que o planeta e os seus habitantes precisam, é de um novo início…

Opinião:
Este é um daqueles livros que me deixam com sentimentos um pouco ambíguos. Por um lado gostei muito e por outro, achei que não conseguiu alcançar todo o seu potencial.

A história parece relatividade simples e até banal (um grupo de jovens enviados para salvar o mundo), mas consegue ser uma crítica à forma como tratamos o planeta e à cobiça. Neste campo gostei particularmente da mensagem.
No entanto, em termos de enredo, o livro peca em alguns pontos. Para começar, existem demasiados momentos repetidos. Não sei quantas vezes li que as personagens estavam a tomar o pequeno almoço, ou a almoçar carne seca, ou a tomar banho, ou a .... percebem onde quero chegar? Há pormenores completamente desnecessários e de tanto os ler tornaram-se extremamente cansativos. A parte dos sonhos também poderia ter caído no mesmo erro, mas como fez parte integrante da história, não incomodou tanto.
Um outro ponto narrativo que me deixou confusa, foi o facto de os Antigos aceitarem lutar na guerra, uns contra os outros. Porquê? Se eles são tão poderosos, porque aceitariam tal conflito? Não fez sentido, ou pelo menos não foi explicado de forma a que fizesse sentido.

Apesar de a história de Senus e o seu passado serem bastante bem construídos, já no que diz respeito a todos os outros ficou uma lacuna enorme. Não sabemos porque eles aceitaram a missão, de onde vieram, do que sentem verdadeiramente falta. Neste aspecto as personagens foram pouco expostas. No entanto todas as personagens são bastante interessantes e as suas personalidades sobressaem-se no grupo, sendo fácil distingui-las. A verdade é que o seu 'presente' está bem delineado, mas as pessoas são feitas de 'passado-presente-futuro'. A excepção deu-se no caso da Turrey e do Hallan, sobre os quais pudemos descobrir algumas memórias.
Ainda em relação às personagens, gostei de como a autora usou de todas, sendo que até mesmo as secundárias se destacaram (sem excessos). Estavam todas bastante 'humanas' e reconhecíveis.

Estou a apontar vários pontos negativos, mas não pensem que o livro é mau, pois a verdade é que gostei bastante do livro e acho que foi uma leitura muito boa. A autora sabe encadear a acção e manter o interesse.

No que diz respeito à escrita da autora, devo confessar que fiquei agradavelmente surpreendida. Tem uma escrita fluída, que dá vontade de ler mais e mais (tanto que ontem fiquei até às 2h da manhã a ler). Descreve muito bem, tanto cenários como personagens e só peca um pouco nas batalhas, mas mesmo essas foram melhorando ao longo do livro. No entanto, como já referi antes, acho que a nível de enredo precisava de mais 'maturidade'. É um enredo bastante linear, sem grandes surpresas ou reviravoltas, além de que a autora parece deixar de lado o passado, que neste caso deveria ser algo fulcral. Mesmo assim, gostei muito do estilo de escrita envolvente.

Em suma, foi um livro muito interessante que terminou numa grande expectativa (cliffhanger) e cuja sequela aguardo com curiosidade. Apesar de algumas falhas estruturais, tem boas personagens e uma boa mensagem, narrado numa voz coesa e muito bem conseguida. Fica a sugestão, para quem quiser experimentar os novos escritores portugueses de fantasia.

Para terminar, aqui fica uma citação que gostei particularmente:

«Será que uma lágrima podia simbolizar a vida de um humano? De um ser? Nascer, percorrer o seu caminho, fazer as suas escolhas de vida, tomar desvios ou atalhos, para depois, chegar à ravina onde tudo acabava. Frágil ao ponto de qualquer coisa a poder impedir de continuar caminho, um obstáculo que põe fim a tudo. Seria assim a vida, tal como uma lágrima?», pág. 81

Capa (Tiago Tavares), Design e Edição:
A capa, seguindo a linha da editora, está até bastante apelativa. A ilustração do Tiago Tavares está bem conseguida  retrata bem a Lithraen (personagem principal) assim como o mundo que a autora descreve nas páginas do livro.
A edição está, na sua maioria, bem feita, embora um ou outro erro tenha escapado (mais de troca de palavras do que propriamente erro). No entanto estes são muito escasso mesmo e passam quase despercebidos.
O design interior está descuidado, havendo várias linhas em que as palavras estão todas coladas, tendo o leitor que usar da sua 'perspicácia' para as conseguir separar mentalmente. Também em certos pontos o texto está justificado e noutros parece estar alinhado à esquerda. Para além disto o tamanho de letra está um pouco pequeno para um livro que não é de bolso, no entanto consegue-se ler, por isso este ponto não incomoda em demasia.


---- Links relacionados: Wook - Bertrand - Goodreads - Temas Originais - Entrevista no Lydo e Opinado

Nota: A Diana Sousa é uma das escritoras que conheci através do NaNoWriMo.

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