quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Onze minutos

“Onze minutos” de Paulo Coelho (Pergaminho)

Sinopse:
"Era uma vez uma prostituta chamada Maria..."
É assim como um conto de fadas para adultos, que começa este novo romance de Paulo Coelho.
É uma abordagem franca e uma profunda sensibilidade que o autor de O Alquimista conta esta história sobre os mistérios do amor e o poder da sexualidade.
Maria, uma mulher oriunda de uma pequena cidade do Brasil, descobre rapidamente o poder que a sua beleza exerce sobre os homens. Desiludida com o amor romântico e desencantada com a paixão, é levada a trabalhar numa boîte na Suiça, onde aprende a viver do sexo e a utiliza-lo para satisfazer os outros. Mas à medida que se vai aperfeiçoando e criando o distanciamento necessário entre si e o seu corpo, sente cada vez mais que está a deixar morrer uma parte importante de si.
A história de Maria é a história de uma mulher que ousa transgredir e desafiar a estrutura de uma vida banal para descobrir o poder redentor da paixão. O erotismo e a sensibilidade de Onze Minutos constituem uma reflexão profunda sobre a história e a natureza da sexualidade e o papel que desempenha na busca do sagrado. 

Opinião:
Anteriormente li “O Alquimista” do mesmo autor e confesso que não gostei. Por essa razão tinha decidido não ler mais nenhuma obra do autor, mas uma amiga disse-me que eu provavelmente iria gostar do “Onze minutos” (não percebi muito bem onde ela foi buscar a ideia de que iria gostar, mas pronto) e como tinha o livro cá em casa (propriedade da minha mãe), decidi dar uma segunda hipótese ao autor. Até porque “O Alquimista” foi o seu primeiro livro e eu poderia estar a ser demasiado cruel tendo em conta a sua vasta obra e a fama do autor.
E agradeço à amiga (que não vou aqui nomear) que me sugeriu a leitura, porque sim, eu acabei por gostar muito desta leitura.
O livro começa logo de forma potente … “Era uma vez uma prostituta chamada Maria.” … e depois o autor prontifica-se a explicar porque inicia o livro desta forma e, convenhamos, começa muito bem.
Acompanhamos Maria desde a infância, enquanto criança que aprende que o amor custa e que uma vez que perdemos uma oportunidade ela está perdida para sempre, até à sua vida adulta em que ela emigra para a Europa e acaba como prostituta na famosa “Rue de Berne” (eu cá não conhecia, mas prontos).
O livro é cru, directo e tão realista que até chega a doer.
Os diálogos, entre a Maria e o Ralf Hart são muito filosóficos, e nesse aspecto tornam-se pouco realistas, mas a mensagem que transmitem é soberba e apaixonei-me pelos dois e pelo seu relacionamento.
Como uma mulher que julgava ter perdido a fé no amor, encontra um homem que (como diz o próprio autor) mudará para sempre a sua vida.
O sexo está presente em cada capítulo desta história, não fosse este o relato da vida sexual e amorosa de Maria, mas no fundo o livro é muito mais que só isso. É certo que o foco no sexo é propositado e muito bem empregue, mas no fundo eu vejo este livro como uma jornada pelo “amor” mais do que pela sua vertente mais carnal. O amor no entanto leva directamente ao sexo, por isso são algo inseparáveis. O livro consegue exemplificar bem o que, na vida de Maria, não passou de sexo, e o que foi amor e terminou em sexo.
Confesso que temia que o livro acabasse mal, tive medo de ler as últimas páginas e descobrir que o autor tinha decidido fazer o que Maria tinha prometido a si mesma fazer, mas que no fundo era muito doloroso de se ver (ler). Felizmente estava enganada e ele fechou o livro como mais merecia.
Confesso que, para mim, Maria fez uma infinidade de escolhas erradas ao longo da sua vida e não concordo com grande parte delas. Mas no fundo a vida é feita disso mesmo.
Só chegando ao final do livro percebi que este era baseado na história verídica de uma mulher brasileira. É bom saber que ainda existem “contos de fadas”, meios deturpados, nos dias que correm.
Onze minutos, além de ter um título certeiro, é um grande livro que entrega muito mais do que esperaria dele. Definitivamente um dos meus favoritos!

Curiosidade: Adorei as lições de “cultura” que o Ralph Hart dava. Tomei conhecimento de uma coisas muito interessantes … (Mitos e lendas. Eu adoro história e mitologia)

Primeiramente publicado no Caneta, Papel e Lápis (2009/04/29).

Sem comentários:

Enviar um comentário

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails