domingo, 30 de agosto de 2015

As Velas Ardem até ao Fim

"As Velas Ardem até ao Fim", de Sandór Márai (Dom Quixote)

Já há uns anos que tinha vontade de ler este livro, pois tinha escutado muito boas opiniões acerca dele. E como foi uma das escolhas do Clube de Leitura de Braga acabei por ter a desculpa perfeita para finalmente o ler.

As Velas Ardem até ao Fim conta-nos a história, ou trechos da vida de um homem que esperou anos para confrontar o seu antigo melhor amigo sobre o que se passou no dia que marcou a vida de ambos e as mudou para sempre.

O melhor e, ao mesmo tempo, o pior deste pequeno romance é a sua narrativa unilateral e focada, que nos mostra somente o que o narrador uno sabe, sente e assume. Não temos acesso às outras personagens, às suas circunstâncias, aos seus sentimentos, senão através dos olhos do próprio narrador. E apesar de o narrador parecer querer esclarecer o que realmente se passou tantos anos antes, o que realmente se desenrola acaba por ser uma espécie de chapada virtual na cara do leitor, pois nunca sabemos a verdade. Apenas sabemos a verdade dele.

Por esta razão o narrador é a única personagem que realmente o leitor conhece a fundo, conhece bem, entende, ama ou odeia. Mas apesar de não nos conseguirmos ligar a outras personagens, a verdade é que a narração nos leva a querer conhecê-las, a querer saber o que as move, o que realmente se passou.
O leitor é então levado a imaginar o que terá acontecido e acredito que cada pessoa vá imagina uma coisa diferente.

A prosa é muito boa e este livro tem trechos lindíssimos, que merecem ser relembrados, e só tenho pena de não ter uma cópia minha (requisitei o livro na biblioteca). Certas linhas fazem-nos realmente reflectir sobre a vida. Algumas das minhas partes favoritas do livro foram a divagação e o diálogo sobre a amizade e o seu significado. No entanto também existem momentos mais maçadores e por vezes o narrador divaga demais, mesmo para um livro tão curto.

Em suma, é-me difícil dizer se adorei o livro pois se é verdade que amei certos trechos e a forma como o autor geriu a narrativa e a sua visão unilateral, também é verdade que eu estava desejosa de saber a verdade da boca do amigo, e que algumas partes narrativas se esticavam demasiado. Por isso gostei e recomendo mas estou dividida, ao contrário do protagonista que sabia muito bem qual era a sua verdade. :)

Podem ver a minha opinião em vídeo AQUI.

Sinopse:
Um pequeno castelo de caça na Hungria, onde outrora se celebravam elegantes saraus e cujos salões decorados ao estilo francês se enchiam da música de Chopin, mudou radicalmente de aspecto. O esplendor de então já não existe, tudo anuncia o final de uma época. Dois homens, amigos inseparáveis na juventude, sentam-se a jantar depois de quarenta anos sem se verem. Um, passou muito tempo no Extremo Oriente, o outro, ao contrário, permaneceu na sua propriedade. Mas ambos viveram à espera deste momento, pois entre eles interpõe-se um segredo de uma força singular...

2 comentários:

  1. Olá Ana,
    Gostei muito da tua opinião. Era o que me faltava para ler o livro. Já há muito que tinha curiosidade em o ler. Vou fazê-lo em breve!
    Beijinhos e boas leituras

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