segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Eu Sou a Lenda

"Eu Sou a Lenda", de Richard Matheson (Edições Saída de Emergência)

Sinopse:
Robert Neville é o último homem vivo na Terra... mas não está sozinho. Todos os outros homens, mulheres e crianças transformaram-se em vampiros e estão sequiosos pelo sangue de Neville.
De dia, ele é o predador, caçando os mortos vivos pelas ruínas abandonadas da civilização. De noite, Neville barrica-se em casa e reza para que chegue a manhã.
Durante quanto tempo pode um homem sobreviver num mundo de vampiros?


Opinião:
Voltei a ver recentemente  o filme homónimo, de 2007, e tive vontade de ler o livro. Mas qual não foi a minha surpresa quando descobri, logo nas primeiras páginas, que o livro e o filme quase nada têm em comum? Mas será que isso foi mau? Não, não foi!

A história está excelente, embora comece um pouco lenta e estranha, rapidamente o leitor se embrenha nela, no dia-a-dia de Robert e na sua solidão. O autor conta-nos um pouco do que se passou antes, mas mesmo muito pouco, que no entanto acaba por ser suficiente para o leitor adivinhar o que se passou com a esposa e a filha de Robert. Nesse aspecto achei que o autor foi brilhante, pois mesmo dizendo quase nada, acabou por dizer o suficiente. O resto, o leitor adivinha.

O Robert Neville que nos é apresentado no livro, a obra original, não tem nada a ver com o que aparece no filme, especialmente fisicamente, pois no livro ele é descrito como loiro de olhos azuis. Mas também a nível psicológico e social acaba por ser bastante diferente. Na verdade, nem os 'vampiros' têm muito a ver, em termos comportamentais. E nesta nota, pessoalmente, gosto mais dos 'vampiros' do filme por serem um pouco mais plausíveis, embora os do livro pareçam mais humanos. O que acontece é que os vampiros do livro estão singidos pelas regras 'antigas' (alho, cruz, água corrente, não poderem entrar nas casas sem serem convidados, etc). No entanto, adorei como o autor encontrou justificações científicas para tudo isto. Excelente!
Já no que diz respeito ao protagonista em si, acabei por gostar dos dois (do filme e do livro), por razões bem diferentes. O do livro consegue ser ainda mais humano que o do filme, mas também um pouco mais fechado no tempo em que foi criado. Não é, por assim dizer, uma pessoa que se pudesse considerar comum hoje em dia, em termos de pensamentos sociais, mas ao mesmo tempo não está datado. É apenas diferente e é-me mais fácil estabelecer empatia com o Robert do filme.

A escrita do autor é excelente e ele sabe como dizer apenas o suficiente e parece nunca subestimar o leitor. Ou seja, não lhe dá informação a mais, apenas a necessária, e assume que daí o leitor consegue ver o final. Eu adoro quando os autores fazem isso, e o fazem bem, como acontece aqui.

Em suma, "Eu Sou a Lenda" foi um livro que adorei ler, com um excelente protagonista, uma história bem contada e uma escrita mais que agradável. Recomendo!

Opinião (contos):
Nascido de Homem e Mulher
Este conto não me cativou, tanto pelo tom com que é contado, como pela história em si. É bastante negro, isso sim, mas mesmo a prosa não funcionou comigo.

Presa

Embora esta fórmula tenha sido usada muitas vezes, em séries, contos e outros meios, acho que Richard Matheson a executou muito bem,. E há que ter em conta que isto não foi escrito hoje, mas há mais de cinquenta anos, e ainda assim se mantém bastante apelativo. Gostei de como nos mostrou a personagem, e de como descreveu as cenas de terror.

Perto da Morte

Um conto pequeno e bastante previsível. Não é mau, mas é pouco eficaz.

Pesadelo a 20.000 Metros de Altitude

Neste conto uma coisa se destacou: a loucura do protagonista. Nesse aspecto, Richard Matheson teve sucesso. O leitor sentia a insanidade do personagem e ficava um pouco louco juntamente com ele. O único problema é que achei o texto um pouco repetitivo e não muito original. embora tenha consciência de que, talvez quando foi escrito, tivesse sido algo bastante original.

Os Filhos de Noé

Mais uma história que, desde então, foi usada milhares de vezes, e ainda assim, pelas mãos deste autor, consegue prender o leitor. É verdade que a trama não surpreende, mas as personagens cativam e a prosa do autor funciona muito bem neste tipo de conto.

Tradução (Fernando Ribeiro e Davdi Soares), Capa, Design e Edição:
Acho que o tradutor de "Eu Sou a Lenda" fez um excelente trabalho. Já nos contos senti um pouco de rigidez na tradução, especialmente no "Nascido de Homem e Mulher" e no "Presa". Não foi nada de muito expressivo, mas senti-o um pouco, enquanto leitora. Fora isso, excelente trabalho.
A capa do livro funciona muito bem com o ambiente do livro em si e o design interior é o que se pode esperar da Saída de Emergência: muito bem feito. É uma edição que vale a pena ter na estante.

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