quinta-feira, 31 de março de 2011

Férias 2011

Só uma nota para avisar que vou estar de férias e não vou ter Internet entre 1 e 9 de Abril, o que significa que não vai haver posts. E a única coisa que vou ler entretanto vai ser o livro do código da estrada, por isso não prevejo opiniões para os próximos 15 dias (desculpem).

quarta-feira, 30 de março de 2011

Crónicas do novo mundo

"Crónicas do novo mundo", de José Ilídio Torres e Silva Torres (edição de autor)

Opinião:
Este foi um dos livros de autores barcelenses, que adquiri na Feira do Livro da cidade no ano passado (ler aqui). É uma edição de autor, assim pretendida pelo próprio, que queria não só incluir os 13 contos que primeiramente publicou no seu blog, como também pretendia introduzir as ilustrações do seu irmão Silva Torres.

Esta antologia é composta por pequenos contos, todos enquadrados no género da ficção científica, e, de certa forma, todos interligados. No início não me apercebi da ligação, pois só nos contos finais essa conectividade se torna evidente.

No geral gostei bastante deste livro. Não só a escrita é aguçada e de uma intensidade que lhe dá bastante interesse, como as ilustrações conseguem enriquecer um pouco mais os textos.
No entanto houve duas coisas que não gostei particularmente. Uma, o uso sucessivo de expressões da gíria, que muito dificilmente sobreviveriam ao implacável tempo. E dois, a quase 'fixação' do texto com o sexo, mais propriamente com a mulher, de tal forma que chegou em certos momentos a tornar-se ... sexista. No entanto também percebo que o sexo, em si mesmo, fosse um dos temas da antologia, e como tal nada tenho contra, simplesmente me pareceu que um pouco mais de equilíbrio teria sido ainda melhor para os contos.

O livro em si está bastante consistente e com uma escrita interessante. Agarra o leitor nas suas poucas páginas e mostra que com pequenas narrativas também se pode contar grandes histórias

A menina dança?
Lê-se quase como um monólogo, mas nele estão embutidas dúvidas existências e a busca do 'ser humano' pela perfeição, que na verdade não passa de uma ilusão. Foi um dos meus contos favoritos deste livro.

O último passageiro
O conceito está interessante e o conto começa de forma exemplar, mas algures pelo meio confundiu-se um pouco, terminando, no entanto, com grande impacto. 

O sábio
Conceito interessante, execução algo estranha. No entanto achei bem interessante a forma como o autor usou as palavras.

Faltam homens em Zarcos
Conceito pouco aproveitado, final interessante mas demasiado ... previsível? (não é bem o termo, mas parece pecar pela insegurança). Este é um conto que teria ganho com mais expressividade e maior dimensão, pois contado em tão poucas palavras perdeu originalidade e momentum. 

O elemento
Talvez eu não tenha percebido a 'mensagem' transmitida pelo último parágrafo, mas este conto pareceu-me desprovido de grande interesse e até execução. No entanto pode 'ler-se' um certo julgamento à necessidade que o homem tem de dizer que algo é seu, sem que com isso tenha necessariamente de ser só para seu serviço exclusivo. 

O olho negro de Deus
Achei piada à menção da cura para a SIDA (especialmente por ser o que era), mas de resto o conto foi superficial.

Oráculo de Asor
Um conto que se perdeu um pouco pela forma como foi contado, deixando de lado o impacto extra que poderia ter. No entanto gostei da forma como interligou não só um, mas dois dos contos anteriores, atando algumas das pontas soltas.

O falsificador
Uma ideia interessante e até bem conseguida, que terminou com uma pitada de auto-exposição que não caiu mal, mas também não trouxe grande valor à história.

O arqueólogo que escavava o futuro
O conceito está muito bom, bem pensado e bem executado. No entanto o conto pecou pela brevidade e alguma falta de profundidade

As virgens fingidas de Casta
O único propósito deste conto (que me pareceu ser mostrar como o sexo se tinha mostrado a 'moeda' de troca) perdeu significância nesta narrativa que nada fez para enaltecer a história, e que se perdeu no seu conteúdo.

Kagatakus
Mais uma vez, uma ideia interessante, mas potencial pouco aproveitado. Curto demais para ter o impacto necessário.

Anil - A prostituta
História central interessante, mas que se confundiu com o restante, e cujo propósito não deixa de ser o mesmo do "As virgens fingidas de Casta" e do "O elemento", sendo que nenhum dos três nutre de algo mais interessante que o uso das mulheres como ferramentas do sexo.
Contudo este "Anil" ainda se salvou com um final caricato


REGER 246642
Para mim este foi o conto mais fraco, e não terminou em beleza o livro. A história pareceu não ter nenhum fio condutor, tornando-se apenas um testemunho de algo sem grande importância e que pouco parece relacionado com as restantes histórias.
Classificação: 4/10

Ilustrador (Silva Torres):
Nas ilustrações contidas no livro, nota-se um claro talento, no entanto, alguns desenhos pecavam pela falta de finalização, que era bastante óbvia nos seus traços. Também notei que algumas ilustrações pouco tinham a ver com o conto, enquanto que outras retratavam na perfeição o que o autor transmitia. Esta dualidade poderia ser propositada, mas não parece sê-lo. Assim sendo tivemos trabalhos excelentes, e outros que se ficaram pelo esquecimento (não por serem mais rústicos, mas por ser clara uma menor dedicação).

O booktrailer:

segunda-feira, 28 de março de 2011

Ficções

"Ficções", de Jorge Luís Borges (Biblioteca Visão)

Sinopse:
A obra de Jorge Luís Borges marcou de forma indelével a literatura do século XX e perdura como monumento de inteligência e imaginação. Nas narrativas de Ficções, a realidade surge entre mundos inventados e multiplica-se no labirinto das palavras. Há bibliotecas de livros nunca escritos, mas tão existentes como a necessidade de compreender os paradoxos e o tempo, cujos limites são os olhares diversos do ser humano. E ficam nestas páginas a poesia, o ensaio, a filosofia, o registo dos meandros percorridos num universo sem fim, que foi e continuará a ser o nosso presente

Opinião:
No início da leitura, custou-me imenso entrar na forma de narrar do autor, e embrenhar-me nas histórias. Não tanto por não gostar do estilo, nem porque a história fosse monótona. A verdade é que comecei esta leitura numa altura má. Estava saturada de trabalho e com a cabeça cheia de coisas que estavam a acontecer na minha vida. São fases, mas assim que percebi que o meu estado de espírito não me permitia desfrutar da leitura, tudo se tornou mais fácil. Decidi só pegar no livro quando estivesse com a mente +/- vazia, e qual não foi a minha surpresa quando não só comecei a gostar do livro, como o adorei em partes.

Borges realmente merece os méritos que o louvam, e este "Ficções" é realmente um livro que mostra o poder da sua imaginação. Tudo o que nele é narrado, parece real e, várias vezes dei por mim a querer pesquisar os livros nele mencionados, conhecer os autores nele referidos, estudar as vidas nele narrados.

Só achei que o livro tinha uma coisa de mal, e era a monotonia presente em alguns contos, em que a narração não funcionava tão bem como noutros.
Também estranhei o facto de, ao contrário da primeira parte em que as histórias estavam de certa forma interligadas, já na segunda parte não consegui percepcionar nenhum fio condutor que unisse os contos (para além do facto óbvio de todos tratarem de crimes). Será que me falhou esse ponto comum? (muito provavelmente)

Os contos que mais gostei foram: "A lotaria da Babilónia", "A biblioteca de Babel" e "A forma da espada".

Em suma, este livro foi uma surpresa agradável, que me deixou perceber toda a fabulosa imaginação de Borges, que me fez acreditar que tudo aquilo existia na realidade, quando a lógica me dizia o contrário. O autor tem uma escrita muito bela, que só peca por vezes por se estender por detalhes que parecem ... insignificantes, enquanto que noutras situações está perfeito.
Recomendo!

Tradução:
A tradução está muito boa, mas como em outros livros eu tenho mesmo de apontar o facto de, aquando a existência de frases e expressões em língua estrangeira, cujo propósito no texto é justificável, o que não se justifica é não haver uma tradução paralela (em nota de rodapé ou em parêntesis). Vá, meus caros tradutores, nem toda a gente sabe ler assim tão bem o espanhol, o latim, o francês e o inglês, ou sei lá que línguas mais estranhas que decidam incorporar em obras distintas desta ou nesta mesma. Não deixem o trabalho a meio, por favor.

Capa, Design e Edição:
A edição em capa dura é muito boa e gosto particularmente do toque rústico das folhas usadas na colecção Biblioteca Sábado, o design interior é do mais simples e funcional que existe. Nada de negativo a apontar.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Fool Moon

"Fool Moon (The Dresden Files 2)", de Jim Butcher (ainda não publicado em Portugal)

Sinopse:
Business has been slow. Okay, business has been dead. And not even of the undead variety. You would think Chicago would have a little more action for the only professional wizard in the phone book. But lately, Harry Dresden hasn't been able to dredge up any kind of work—magical or mundane.
But just when it looks like he can't afford his next meal, a murder comes along that requires his particular brand of supernatural expertise.
A brutally mutilated corpse. Strange-looking paw prints. A full moon. Take three guesses—and the first two don't count...


Opinião:
Depois de Storm Front, Dresden tornou-se um protagonistas cujas aventuras queria voltar a seguir. Já passou um ano, mas ainda me lembro bem das personagens e regressar soube bem.
Comecei este livro a OUVIR. Pois é verdade, experimentei o audiobook, e que delícia para os ouvidos! O narrador (James Masters) faz um trabalho excepcional ao dar voz a Dresden. Adorei!
Infelizmente, por falta de tempo e de um leitor audio decente, só ouvi os primeiros 15 capítulos, e o resto li.

A nível de história, e tal como no volume anterior, o mistério adensa-se a cada novo capítulo e, de forma perspicaz, a conclusão consegue tornar-se imprevisível. Gostei do facto de o autor conseguir juntar várias tramas e torná-las todas interessantes e fulcrais para o desenrolar do mistério central. E claro, como 'fã' de lobisomens, adorei o que o autor fez, misturando vários mitos e dando-lhes a todos uma individualidade muito interessante.
A voz sarcástica e certeira do Dresden continua tale  qual me recordava, o que é bastante reconfortante.
O Dresden continua a levar porrada a torto e a direito. Ele é forte, mas acaba sempre pisado e feito em papa, o que acaba por ser mais interessante do que uma personagem que nunca leva sequer um arranhão.No entanto, a vitória nunca parece facilitada, o que é um bónus neste tipo de aventuras.

As descrições das cenas mais grotescas, foram mais vívidas do que me recordava do volume anterior. Por vezes chegavam a ser demasiado explicitas, de tal forma que me sentia desconfortável a ler, mas também nisso o autor conseguia ser sucinto e nunca se alongava demasiado.O que quero dizer é que não poupava detalhes, por isso os que tenham um estômago sensível, talvez queiram 'saltar' essas descrições.

O que me surpreendeu, pela positiva, foi uma inclusão mais aberta de uma pitada de romance. A cena entre o Dresden e a Susan, já quase no fim do livro, surpreendeu-me pela positiva. Foi extremamente carinhosa, sem ser exagerada, e eu que nem gostava da Susan, fiquei finalmente a perceber um pouco do que ela sente pelo Dresden, e vice-versa. E depois a confusão que se gerou também me pareceu bastante interessante e espero ver as 'consequências' disso brotarem nos próximos volumes (embora o autor tenha dado a entender que tudo ficou bem).


Ouve espaço para algum desenvolvimento em várias personagens, e o autor ainda conseguiu deixar no ar várias situações que, tenho a certeza, voltarão a surgir nos volumes posteriores, e que neste volume tornaram ainda mais complexas as personagens que já conhecíamos do primeiro volume. também as novas personagens conseguiram ganhar destaque, embora poucas sejam as que ficam para a posteridade. Gostei especialmente da Tera (e muito particularmente da verdade sobre ela), assim como os alphas que espero voltar a ver noutros volumes.

De mau tenho duas coisas a apontar:
1) Uma sequência de sonho, em que Dresden falava com o seu inconsciente e que pareceu extremamente oportuna, e por isso mesmo ... inverossímil. Não fez grande sentido, pois estava lá apenas para que o Harry tivesse tempo de pensar no que se tinha passado, mas isso ele poderia ter feito na narrativa, como fez ao longo do resto do livro. Esta cena tornou-se dispensável;
2) Uma coisa que já tinha reparado no livro anterior e que me continua a incomodar um bocadinho na prosa desta saga, é a fixação do Dresden em descrever as pessoas e o que elas vestem (ou não, no caso da Tera e da Benn), mesmo nas situações mais cruciais (como quando estava a ser atacado por um loup-garou). É dos poucos males que tem este livro, mas irritava.


À parte disto foi uma boa continuação, que não superou o volume anterior por pouco, mas que mais uma vez deixou bem clara a complexidade do 'mundo' criado por Jim Butcher, e a personalidade bem definida de Dresden. Sem dúvida que continuarei a seguir as aventuras deste infame feiticeiro, e recomendo a quem goste de fantasia urbana, ou queira aventurar-se pelo género.

Capa (Chris McGrath):
Há quem diga que ou se ama ou se odeias as capas da saga Dresden Files. eu estou no intermédio. Gosto, mas não amo. No entanto adoro os pequenos detalhes que indicam perfeitamente sobre o que trata a trama principal (as patadas com sangue e a lua cheia). Por isso, sim, gosto (e também gosto da outra capa, à direita, mais simples, mas igualmente indicativa do que se passará no volume).

Booking Through Thursday - Sagas


Series? Or Stand-alone books?


Muito sinceramente, não me importo com qualquer dos casos. Se o primeiro livro for bom, uma saga até é bem vinda, se adicionar algo de novo ao que já foi dito. Agora se for uma saga que é só 'palha', então nem vale a pena. Há histórias que só precisam de um volume para serem contadas, e há outras que podem ir até aos 10, 15 livros, sem nunca se tornarem aborrecidas. A partir daí já começa a ser um pouco de mais, mas desde que o autor consiga sempre introduzir novidades, sem estar a disparatar, força! Lá estarei para ler.

No entanto, gosto muito de stand-alones. Não lhes dou preferência em relação às sagas (pelo menos não de forma consciente), mas acho que há algo muito especial num stand-alone. E, hoje em dia, louvo um autor de FC&F que consiga contar uma história num só volume, pois a tentação de esticar a história para fazer uma trilogia, parece quase LEI (em certos casos).

Também acho que as sagas funcionam muito bem em histórias episódicas. Ou seja, em que cada livro é um 'caso'. O que não quer dizer que seja o único método, pois há excelentes sagas que são continuação directa de uns livros para os outros, mas de alguma forma, se uma saga for ter mais de 5 livros, acho que a fórmula 'episódica' funcionará bastante melhor.

Bons exemplos de sagas:
- Harry Potter, de J.K. Rowling;
- Anders, de Wolfgang Hohlbein, Heike Hohlbein;
- Irmandade da Adaga Negra, de J.R, Ward;
- Dresden Files, de Jim Butcher;
- Mediator, de Meg Cabot;
- entre outros.

No entanto, tal e qual como a Patrícia, detesto quando, cá em Portugal, começam a publicar uma saga e depois interrompem a publicação a meio (ex: Meg Cabot, Christine Feehan). Ou quando começam a publicar a saga a meio (ex: Janet Evanovich), ou então quando publicam os livros fora de ordem (ex: L.J. Smith). Ou pior, quando uma editora publica o livro 1 e outra, exactamente ao mesmo tempo, publica o livro 15 (ex: Sherrilyn Kenyon).
Além disto, não gosto mesmo nada quando em Portugal decidem dividir um volume em dois (ex: George R.R. Martin, Jacqueline Carey, Ken Follet). Pois é, pois é. É bom para as editoras, mas é mau para a carteira dos leitores.

Mas voltando ao tema principal, não tenho predilecção por um ou outro. Tanto me lanço num stand-alone como me meto numa nova saga. Tudo depende de se o autor me consegue cativar o suficiente para ler mais (e isto tanto se aplica a ler mais da saga, como a ler mais do autor, quando o livro é único).

domingo, 20 de março de 2011

Meme Literário

Não sou muito dada a memes (até porque acho sempre complicado responder a perguntas destas, mas aqui vai:
1) Pergunta difícil... mas talvez "O Principezinho", de Antoine de Saint-Exupéry, por poder ter várias interpretações consoante o nosso espírito;
2) Um compêndio sobre a história e mitologia. Não dou títulos, porque desconheço uma obra deste calibre que esteja num só volume, Mas se tal existe, era esse que queria ler;
3) "O Deus das Moscas", de William Golding;
4) Como provavelmente já quase todos os blogs que conheço responderam a este meme, vou apenas deixar o desafio a quem ainda não o fez.
5) Fui desafiada pelos blogues A Bibliófila e Bookeater/Booklover.

sábado, 19 de março de 2011

Na Sombra do Desejo

"Na Sombra do Desejo (Irmandade da Adaga Negra 4)", de J.R. Ward (Casa das Letras)

Sinopse:
Butch O’Neal é um guerreiro por natureza. Um ex-polícia da brigada de homicídios que leva uma vida dura, é o único humano a quem foi permitido aceder ao círculo íntimo da Irmandade da Adaga Negra. E quer submergir-se ainda mais profundamente no mundo dos vampiros… quer alistar-se na guerra territorial contra os minguantes. Não tem nada a perder. O seu coração pertence a uma fêmea vampira, uma beldade aristocrática que está muito acima do seu nível. Se não pode ter Marissa, então ao menos pode lutar lado a lado com os irmãos…
O destino amaldiçoa-o outorgando-lhe o que deseja. Quando Butch se sacrifica para salvar dos assassinos um vampiro da população civil, torna-se presa da mais escura força da guerra. Moribundo, é encontrado graças a um milagre, e a Irmandade pede a Marissa que tente trazê-lo de volta. Mas talvez nem sequer o seu amor seja suficiente para salvá-lo…

Opinião:

Os dois protagonistas já são conhecidos dos volumes anteriores, mas uma coisa que notei logo ao início foi o foco, não só no casal, mas também nos que os envolvem. Nos outros volumes havia sempre desenvolvimento das restantes personagens, mas neste, quase se pode dizer que o Vishous era um terceiro protagonista e o Rehvenge era quase um quarto, embora não tivesse tido tanta atenção como os outros três.
Isto não foi uma total surpresa, tendo em conta o que se passou no final do livro, mas para os mais puritanos, este livro pode chegar a ser ... ofensivo (claro, só se não tiverem uma mente relativamente aberta). Basta dizer que aqui a amizade entre dois homens vai um pouco além do normal (não vou dizer quão além vai, leiam).

E já que falo nas personagens, eu tive alguma dificuldade em gostar verdadeiramente do Butch. A Marissa, apesar de tudo o que se tinha passado no volume anterior, conseguiu redimir-se um pouco, e o Butch por um lado também, mas ele é o tipo de personagem que não sabemos se devemos amar ou odiar. Ficamos na corda bamba. Por um lado ele é um bêbedo, à procura de sarilhos, e por outro é um tipo capaz de pensar nos outros antes de si, e extremamente afectuoso. Isto cria uma ambiguidade fácil de acreditar, mas difícil de digerir.
Por outro lado, o Vishous torna-se uma personagem de destaque, e cuja história mal posso esperar por ler. É um pouco triste dizer isto, mas ele foi a personagem que mais gostei no livro todo.


Quanto à narrativa, temos neste livro uma grande reviravolta no 'mundo' da Irmandade da Adaga Negra. E Butch é quem despoleta todos os acontecimentos. Alguns tornaram-se mais credíveis que outros, mas no geral foram boas movimentações da história e serviram para dar lugar a boas cenas, quer dentro da irmandade, quer entre o casal, ou mesmo no que respeita à luta contra os lessers.
No entanto pareceu-me que houveram certas situações que poderiam ter ficado de fora. Por exemplo, todas as cenas do ponto de vista da irmã do Butch me pareceram insípidas e desprovidas de grande propósito. Entendo que a autora quisesse que víssemos ambos lados da história, mas não conseguiu transmitir nada de novo com isso. No fim parece que a autora nos quer fazer perdoar a família do Butch pelo que fizeram, pois dá-nos 'justificações' para tudo, quando na verdade não há justificação. 

Já quanto à escrita da autora, continua apelativa como nos volumes anteriores, embora eu tenha mesmo só que dizer uma coisa, e que são realmente as duas coisas que mais me irritam nos livros desta autora: 1)Nomes da moda! Eu não quero saber se ele veste um Armani e se guia um S6000. Não quero saber!; 2) Mas o que raios quer dizer SOL e porque é que eles são todos SOBs? Por favor, corta!
Prontos, e agora que isso está fora do sistema (mais uma vez), prossigamos com a opinião.

Infelizmente, pareceu-me que neste livro a autora falhou em transmitir de forma adequada a dor e a coragem do Butch. Descreveu alguma da violência pela qual ele foi passando, mas não senti como se estivesse na pele do Butch e consequentemente não 'reconheci' a sua dor, quando supostamente esta tinha sido horrível (em várias ocasiões). A sensação que ficou foi que ela gastou as descrições todas no sexo (e, ou muito me engano, ou houve muito mais que nos outros volumes) e depois se esqueceu de descrever como devia de ser as lutas, que são também uma grande parte da história. Como é suposto eu acreditar que ele sofreu, quando se limita a dizer-me isso mesmo, que «ele sofreu»? Eu quero sentir, quero chorar, quero desviar os olhos das páginas. Isso sim é que é transmitir ao leitor sensações, e não percebo como é que, quando a autora o fez tão bem em algumas situações, noutras pareceu esquecer-se disso.

Em suma, foi uma boa sequela, que deixa no ar mais do que simples curiosidade pelo que se vai passar a seguir, e que fará as delícias dos fãs da saga, embora não seja o volume mais bem conseguido da saga. O casal, Butch e Marissa, como sendo um que já vem desde o primeiro volume, convenceu no seu amor e dedicação, o que foi bastante bom de ler (embora tenha tido sexo a mais). E, não posso deixar de mencionar a coragem que autora teve ao colocar na história um 'herói' que, afinal de contas, não é um Deus na cama (pelo menos da primeira vez). A diferença também pode ser uma boa coisa de vez em quando.

Capa, Design e Edição:
Já alguma vez disse que adoro as capas portuguesas para esta saga? Pois bem, adoro! E até tenho pena de antes disso ter comprado em Inglês. Vontade não me falta de comprar também em PT, mas isso seria desperdiçar dinheiro, certo? (concordem comigo, senão sou bem capaz de ir a correr comprar os livros só pelas capas)
Quanto à capa da edição que eu tenho, tal como as anteriores segue bem o padrão, mas tenho de dizer que a rapariga se parece muito pouco com a Marissa que a autora descreve.
A edição é mediana, mas lê-se na perfeição, além de que o papel (reciclado, parece-me) ajuda a que as vistas não se cansem tanto. É um mimo para levar na bolsa sem estar sempre com dores de costas.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Booking Through Thursday - Manchetes

btt button
The news has been horrifying and addictive this week, with catastrophe piled on catastrophe, to a degree that–if I had read this in a book or seen it in a movie–I’d be protesting that it was just too unlikely, too farfetched.
But, topics for novels get ripped from the headlines all the time. Or real-life events remind you of fiction (whether “believable” or not) that you’ve read but never expected to see. Or real life comes up with an event so unbelievable that it stretches you sense of reality.
Hmm … I can’t quite come up with an outright question to ask, but thinking about the theory of fiction and how it can affect and be affected by real world events can act as a buffer between the horrific events on the news and having to actually face that horror. So … what happens when the line between fiction and reality becomes all-too slim? Discuss!


(Tarde e a más horas, como dizia a minha mãe. Já estamos na 6ª feira e isto devia ser às 5ªs)

Permitam-me desviar-me um pouco do tema da catástrofe no Japão. Não porque não tenha sido horrível o suficiente (pois foi-lo mais do que poderia imaginar), mas porque quando a mãe-natureza entra em acção, eu fico sem palavras. Assim sendo vou falar das manchetes, mas de outro tipo:

Houve uma altura da vida, em que acreditei que já nada me surpreendia (no mundo real), e depois estava sempre a ser violentamente acordada para a realidade, por isso deixei-me de ilusões. Há muito tempo que digo que não há nada mais assustador e cruel do que a realidade. Nem a ficção lhe chega aos calcanhares, por mais violenta que seja. No mundo real há sempre algo pronto a esbofetear-nos e fazer-nos perceber que neste mundo há gente tão cruel que nem a imaginação mais fértil conseguiria com ela competir.
É horrível!, mas é a realidade.

Mas é claro que o oposto também acontece. Na ficção lemos sobre personagens  que são uns autênticos anjinhos e pensamos «Não podem existir pessoas assim na realidade». mas a verdade é que existem. Felizmente, também nisso a realidade nos surpreende pois há heróis por toda a parte, mas infelizmente raramente são reconhecidos pelo que fazem (daí serem heróis).

No entanto, eu penso que se a fantasia se tornasse realidade, perdia muito do seu carisma e encanto. No fundo temos é que aprender a viver no nosso mundo e a lidar com ele. Não aceitar as coisas como são, tentar mudá-las, mas ainda assim não deixar de sonhar por um mundo melhor onde o bem vence (quase) sempre o mal. Ou pelo menos tem expressividade suficiente para deixar os mauzões ficarem mal. Neste nosso mundo, talvez culpa da nossa perspectiva, parece sempre que os maus ganham. :(

3ª Convenção Nacional de Bookcrossing

A 3ª Convenção Nacional de Bookcrossing terá lugar no próximo dia 2 de Abril, em Torres Novas.
Infelizmente, a menos que os meus planos mudem, não vou poder estar lá, embora o programa seja mais que interessante (vai tudo acontecer em Abril. Gah!), mas aqui fica para os curiosos:

sexta-feira, 11 de março de 2011

A Guerra dos Tronos

"A Guerra dos tronos (As Crónicas de Gelo e Fogo 1)", de George R. R. Martin (Saída de Emergência)

Sinopse:
Quando Eddard Stark, lorde do castelo de Winterfell, recebe a visita do velho amigo, o rei Robert Baratheon, está longe de adivinhar que a sua vida, e a da sua família, está prestes a entrar numa espiral de tragédia, conspiração e morte. Durante a estadia, o rei convida Eddard a mudar-se para a corte e a assumir a prestigiada posição de Mão do Rei. Este aceita, mas apenas porque desconfia que o anterior detentor desse título foi envenenado pela própria rainha: uma cruel manipuladora do clã Lannister. Assim, perto do rei, Eddard tem esperança de o proteger da rainha. Mas ter os Lannister como inimigos é fatal: a ambição dessa família não tem limites e o rei corre um perigo muito maior do que Eddard temia! Sozinho na corte, Eddard também se apercebe que a sua vida nada vale. E até a sua família, longe no norte, pode estar em perigo.

Opinião:
Se ainda não reparam pelas minhas leituras, eu não sou grande fã de high-fantasy, por razões que estão para além da compreensão humana (leia-se, machismo incutido nas páginas, e não me contrariem nisto, por favor). E consequentemente são poucos os livros que me atrevo a ler dentro do género, já que muitas das vezes saiu decepcionada. Contudo, estou feliz por dizer que este foi um livro que fugiu a esse 'terrível destino'.

O prelúdio, a mim não me deixou muito rendida, e só a partir do 3º ou 4º capítulo é que as coisas mudaram um pouco de figura, pois fui sendo apresentada a um role de personagens interessantes e, em grande parte, carismáticas. Logo no 2º (ou 3º) capítulo o Ned, recebeu a noticia de que o seu 2º pai tinha morrido, e a reacção dele passou totalmente despercebida. Ou seja, o autor disse-nos que a mulher achava que ele ia ficar despedaçado, mas assim que ele soube que o 'rei' viria visitá-lo, esqueceu a morte de uma pessoa tão importante na vida dela. É pá! Não sei, caiu-me logo mal. 

Mas esquecendo isso e seguindo em frente, pareceu-me que haviam personagens a mais, nomes a mais, tudo a mais. Isto era tão épico que eu não sabia quem era quem (só decorei mesmo o nomes dos principais).
Há de tudo no elenco, mas uma coisa é certa, todas as personagens têm virtudes e defeitos (embora este último seja mais proeminente) e o autor conseguiu tornar cada uma única. Não há dúvida que as personagens são um dos pontos fortes do livro.
Os meus favoritos são o Jon, o Bran e a Daenerys, por agora, embora não tenha achado nada natural a 'profunda' (e completamente injustificada) alteração na personalidade da rapariga supra mencionada.

A história em si, para já, não tem grande complexidade, embora não lhe faltem intrigas. Pessoalmente, acho que falhou um pouco e, momentos ouve, em que a burrice de certas acções me pareceu desconexo da inteligência que certas personagens diziam ter, apenas para que as intrigas se tornassem mais profundas. Claro que, tendo lido apenas metade do livro original e um oitavo do publicado até agora, não posso realmente assumir que tal não tenha sido por uma razão que me escapa.
No entanto também houve lugar a muitos momentos chave para a história.

A escrita do autor é muito boa e cativante, tanto a nível de prosa como de diálogos. As cenas são vívidas e nunca aborrecidas, e nem mesmo a overdose de informação serve para tornar o texto mesmo apelativo. Há um equilíbrio em cada página, que prende o leitor.


Para terminar, queria só dizer que estou feliz por não ter tido nenhumas expectativas em relação a este livro (as muitas opiniões bajuladores bem trabalhavam para me convencer, mas eu não me deixava vencer). Este é certamente um livro que se lê muito bem e que deixa vontade de pegar no livro seguinte (embora não seja um desejo tão forte que tenha de pegar nele já de seguida).
Fiquei rendida, mas não totalmente. É certamente uma saga forte no género, e com certeza lerei o resto, mas para já não mostrou ainda ser a épica saga que tanto se fala.
Muito bom, mas com lugar para ser melhor. Recomendo a todos que queiram um bom livro de fantasia, e aos que, como eu, não gostam de high-fantasy, mas estão à espera que algo os faça mudar de ideias.

Tradução (Jorge Candeias):
Apesar de não ser a favor da tradução dos locais que o tradutor escolheu fazer nesta saga, a verdade é que a tradução está impecável. Já tinha ouvido louvores, mas ouvir e ver são coisas bem distintas. Um trabalho excelente! 

Capa, Design e Edição: 
Não gostei muito do facto de dividirem os volumes originais em dois (o dobro do custo para o leitor), embora entenda que o volume original é enorme, deviam compensar com preços mais baixos, para não ser tão penosa a compra da saga completa.
Quanto à capa, não adoro, mas gosto. Infelizmente, pouco tem a ver com a história já que o Jon (quem está na capa) pouco aparece nesta primeira metade do volume (imagino que na 2ª a situação mude). Também não entendo os brasões, já que nenhum deles é das famílias mencionadas. Estão ali a fazer feitio? E, mais uma  vez, a SdE comete um erro enormíssimo de não citar o nome do ilustrador (capa e mapa). para mim, isso é indesculpável!

quinta-feira, 10 de março de 2011

Booking Through Thursday - Multifacetado

btt button
Do you multi-task when you read? Do other things like stirring things on the stove, brushing your teeth, watching television, knitting, walking, et cetera?
Or is it just me, and you sit and do nothing but focus on what you’re reading?
(Or, if you do both, why, when, and which do you prefer?)

Há uns tempos, eu ouvia música enquanto lia, mas depois perdi o hábito e agora a música distraíme. Não como nem bebo enquanto leio (se preciso parar, pouco o livro), com medo de o suja, e por essa mesma razão raramente levo livros para a cozinha e nunca para a mesa.
Já ouvi dizer que ler no banho é uma maravilha, mas com o medo de o deixar cair na banheira (e como, ainda por cima, nem me lembro da última vez que tomei banho de imersão), acho que esta é uma experiência que tão cedo não terei possibilidade de testar.
Às vezes caminho enquanto leio, mas não o faço muitas vezes pois já me chegou uma vez que bati com a cabeça contra um poste.

Por isso, em resumo, quando leio concentro-me somente nisso, caso contrário as palavras desaparecem-me das vistas e perco-me. No entanto não tenho problemas em ler em ambientes barulhentos. Força do hábito, já que grande parte do tempo que tenho para ler é passado num café, ou nos transportes públicos (antigamente é que era!, com aqueles autocarros da idade da pedra a fazerem um chinfrim infernal enquanto andavam).

segunda-feira, 7 de março de 2011

::Filme:: Entrelaçados

"Entrelaçados" é o novo filme da Disney, baseado na história "Rapunzel" (que revi aqui) dos irmãos Grimm.

Não sei se já o disse, mas sou grande fã dos filmes Disney, desde a infância, por isso esperava grandes coisas deste filme. Veredicto? Gostei, mas não chegou para o tornar um dos meus favoritos. Contudo, vale bem a pena. Tem uma história bastante boa, com excelentes personagens e cenários muito lindos.
Surpreendentemente, a minha personagem favorita foi o Maximus (o cavalo), que é o máximo (pun intended). Seguida de perto pelo Eugene (o nosso protagonista), que tinha uma personalidade muito boa («here comes the smorlder» = lol (vejam imagem abaixo)).

O romance está muito bom, mas o que mais gostei foi a relação entre a Rapunzel e a 'mãe'. Achei que estava fabulosa a interacção entre as duas.

Quanto à animação, gostei, mas não me deixou encantada. especialmente porque a enorme cabeça da Rapunzel me fazia confusão (assim como a da 'mãe'). Não sei, mas aquelas cabeçorras irritavam-me e faziam a Rapunzel parecer uma menina de 12 anos, em vez de 18.
Não é que não tenha gostado da animação 3D, mas acho que conseguiria ter ainda mais beleza em 2D (se calhar sou eu que continuo presa ao 2D).

No fundo, foi um bom filme, com todas as coisas a que a Disney já nos habituou neste tipo de histórias, com boas personagens e um romance um pouco ... diferente. Gostei, e recomendo para toda família.

::Conto:: The Princess & the Penis

Antes que perguntem: Sim, sim, leram bem o título. E não, eu não estou maluca :)

"The Princess & the Penis", de R.J. Silver (ebook gratuito)

Sinopse:
Uma bela, casta  e ingénua princesa encontra um estranho talo na sua cama. o talo transforma-se numa forma familiar a todos, menos à princesa, deixando-a curiosa e trazendo ao de cima os piores receios do seu pai.
Ele tenta, por todos os meios, impedir que tal situação continue, mas ter um enorme pénis na cama de uma curiosa donzela nunca poderá dar bom resultado.

Opinião:
Este conto/noveleta está narrado quase como se fosse uma fábula, o que só faz com que seja ainda mais hilariante, já que há uma seriedade incutida, que quase choca com o ridículo da história.
Cheio de personagens típicas das fábulas, mas ao mesmo tempo interessantes (temos o rei super-protector, as tias muito liberais, o feiticeiro que não acerta um feitiço, o príncipe que não tem nada no meio das pernas, a ingénua princesa, e o galante príncipe enfeitiçado). Também vemos referências a algumas fábulas, como "A Princesa e o Sapo", "A Princesa e a ervilha", "Bela Adormecida", entre outros.

Ri-me da primeira à última página e só por isso já valeu a pena. Aconselho a leitura a quem consiga levar este tipo de história na desportiva, já que não é gráfica nem pornográfica e faz rir muito!

sábado, 5 de março de 2011

Slave to Sensation

"Slave to Sensation (Psy-Changeling 1)", de Nalini Singh (ainda não publicado em Portugal)

Sinopse:
Num mundo que nega qualquer tipo de emoções, onde os Psy governam e castigam qualquer sinal de desejo, Sascha Duncan tem de esconder os seus sentimentos, que a marcam como defeituosa. Revelá-los faria com que fosse submetida aos horrores da 'reabilitação' - a completa extinção psíquica de tudo o que ela já foi.


Opinião:
Não parti com grandes expectativas para esta leitura, até porque já aqui disse que começo a ficar um pouco 'saturada' do género (romance paranormal). Ainda assim, tendo lido o início do livro, achei a história bastante original e decidi seguir com a leitura.
E a autora não desapontou, pois o mundo que construiu está bem exposto e é extremamente interessante, em todas as suas vertentes. Posso até dizer que é muito original, e certamente uma das maiores qualidades do livro.

Impressionantemente, e apesar do grande foco no casal principal, a história central (do serial killer) consegue ter tanto ou mais 'tempo de antena' que tudo o resto, e o próprio casal (e o seu relacionamento) advém daí e da luta para salvarem uma vítima. Gostei muito desse facto, do romance não obstruir o resto da trama e a construção do mundo e das restantes personagens.
E já que falamos de personagens, gostei muito da Sascha (protagonista) logo desde o início, tanto pela sua dualidade, como por sua curiosidade. Adorei quando ela viu pela primeira vez as crias de leopardo,e  a reacção que teve. Foi fofo! E adorei especialmente a força dela e a forma como nunca se deixou ser 'mandada' pelos outros e lutou por aquilo em que acredita. Uma heroína forte e dona de si mesmo.
Já o Lucan demorou mais tempo a cativar-me, mas desde o início que mostrou ter personalidade. O meu problema (e que é uma constante neste tipo de romances) é a personalidade alpha-male destes heróis. Certo! Eu sei que o Lucan não podia ser de outra forma, ou não fosse ele ser o líder da sua comunidade de metamorfos,  até aqui achei que a autora conseguiu equilibrar as coisas, pois embora o Lucan se mantivesse um 'mandão', a verdade é que a personalidade da Sascha não o deixava ser quem mandava e ele acabou por se mostrar mais sensato que outros protagonistas que tenho lido ultimamente.
As restantes personagens também se mostram bem interessantes, especialmente o Hawke e a Tamsyn, assim como alguns dos sentinelas do Lucan. Mas, sem dúvida que fiquei mais curiosa quanto ao Hawke (e acho muito curioso colocar um nome destes num lobo), mas infelizmente acabei por descobrir que a história dele só é desvendada no 10º livro da saga ("Kiss of Snow). :(

Já quanto ao romance, gostei! Aliás, acho que foi mais do que gostar. Por uma lado porque não foi demasiado abrupto. Ao início os dois interagiam porque estavam a 'espiar-se' mutuamente, e só mais tarde surgiram sentimentos mais profundos (se bem que a atracção começou cedo). No fim fica a sensação de que eles mereciam ficar juntos, e não a sensação que às vezes fica noutros livros, de que eles continuam apenas juntos por se sentirem atraídos fisicamente. Aqui, realmente, a autora deu a ideia que era mais que isso, o que é sempre excelente nos romances.

Uma coisa que não gostei particularmente nesta história, foi o contacto físico demasiado extremo entre os membros da 'comunidade' de metamorfos. Até aceito que necessitem do contacto para se sentirem seguros, mas há limites (acho eu) e neste caso achei um pouco exagerado.

Quanto à escrita, achei-a interessante e compassada, sem ser exagerada, mas também não recorrendo a facilitismos. Quando ela descrevia os locais, era como se realmente estivéssemos lá.

Em suma, foi uma excelente leitura do género, e embora não seja a minha favorita, está empatada quase no primeiro lugar (romances paranormais). Infelizmente, sendo o Vaughn o protagonista do segundo volume, não me sinto tentada a pegar já no resto da saga, mas deve estar para breve, e confesso que tenho esperanças que esta saga ainda me surpreenda muito.
Recomendo a quem goste de um bom romance, com um mundo bem construído e personagens interessantes (também ajuda se gostarem de felinos).

Capa:
Como normalmente acontece com estas capas genéricas do género (romance paranormal), não sou fã. Gosto da cor (sou bastante unilateral quando cor-de-rosa é cor predominante), mas acho a capa pouco inovadora e parcamente cativante. Para além disto, acho que evoca pouco a história do livro (apesar da tatuagem que mal se vê). Podia e devia mostrar mais da história, e não se deixar engolir pelos 'lugares' comuns das capas do género.

::Filme:: Sinbad - A Lenda dos Sete Mares

Sinbad - a Lenda dos Sete Mares, é baseado nas histórios do herói (e ladrão) lendário dos livros "Mil e uma Noites".

Esta adaptação animada da Dreamworks, está muito bem ilustrada, embora algumas cenas em 3D estejam aquém do desejado (especialmente no início do filme). A animação está muito fluída, e gostei especialmente da forma como animaram a Éris.
A história também está muito boa, com excelentes personagens e várias 'lições' de coragem e amizade para aprender.

O que também gostei neste filme, foi o romance. Não parece apressado, mas antes compassado e o final não pareceu ridículo, ou desconexo.

Sem dúvida este é um filme para toda a família.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Booking Through Thursday - Batota

btt button
Do you cheat and peek at the ends of books? (Come on, be honest.)

A resposta a este é muito simples, e advém do facto de eu odiar (de morte) spoilers. E ao detestar que me estraguem a festa dizendo partes cruciais da história, é óbvio que também não salto para o fim antes do tempo.
No entanto, quando um livro me está a aborrecer, por vezes avanço uns capítulos (nunca vou para demasiado perto do fim), com o intuito de perceber se a história melhora. Por exemplo, fiz isso com o Feed, e foi isso que me fez largar o livro a meio, pois percebi que continuava uma 'seca' mesmo até quase aos capítulos finais (e não, não li o fim).
Para além destes casos, não costumo espreitar à frente, com medo de ler alguma coisa que não devia.
São manias.

terça-feira, 1 de março de 2011

::Conto:: The Beginning

"The Beginning (Predador da Noite 0.1), de Sherrilyn Kenyon (ainda não publicado em Portugal)

Sinopse:
Esta é uma curta história, escrita há muitos anos pela autora, como uma introdução ao mundo dos Predadores da Noite. No original esta história é parte integrante do volume "Acheron", mas em Portugal não sei se acontece o mesmo.

Opinião:
Li este conto apenas por curiosidade, e como é uma espécie de prequela a toda a a saga dos Predadores da Noite, achei que não fazia mal lê-la depois de ler o Amante de Sonho.

A história do conto é curta, mas dá-nos uma visão do que se passará nos volumes seguintes e introduz-nos a Acheron, Simi (que eu já tinha adorado no conto de Natal), a Artemis e dois dos Predadores da Noite que surgirão nos volumes seguintes.
Os diálogos estavam muito bons, mas as descrições nem tanto, especialmente quanto ao 'tele-transporte' do Acheron e à forma como ele comunicava com a Artemis. Devia ter sido mais explicado e aprofundado, quando na verdade a autora se limitou a dizer que ele se 'tele-transportou' e nada mais.

As personagens mostraram-se bastante interessantes e apelativas, o que é bastante bom para um conto tão curto. Gostei especialmente do final, que conseguiu surpreender.

Em suma, foi um conto interessante e que deixa no ar expectativas quanto à saga.

Feed (parcial)

"Feed (Newsflesh1)", de Mira Grant (ainda não publicado em Portugal)

Sinopse:
Ano 2014: Encontramos a cura para a gripe comum. Mas ao fazê-lo criamos algo novo, algo terrível que não podia ser parado. A infecção proliferou, vírus tomaram conta dos corpos e mentes com apenas um, imparável, comando: COMER (FEED). Agora, vinte anos depois da Ascenção (Rising), os bloggers Georgia e Shaun Mason estão no encalço da maior história das suas vidas - a negra conspiração por trás dos infectados. A verdade virá ao de cima, nem que para isso eles tenham de morrer.
(tradução livre, feita por mim)

Opinião:
O início deixou-me logo rendida. Com uma voz narrativa bastante astuta e até divertida, seguida de muita acção, melhor início seria quase impossível.
Então, como é que conseguiram fazer-me desistir quando já ia a meio do livro?
Fácil!
Aborrecido. Política. Blah blah blah. Aborrecido. Shares. Blah blah blah. Aborrecido. Medidas de Segurança. Blah blah blah. Aborrecido.Política. ABORRECIDO!
Está explicado, certo?

Enfim, eu até gostei de algumas coisas, particularmente do Shaun e até da Georgia, mas a narrativa era aborrecida (estou a repetir-me propositadamente) e em quase 300 páginas só houve 2 ataques zombies, enquanto que tivemos pelo menos 200 páginas a falar de política, medidas de segurança contra zombies, computadores e shares/ratings (em blogs). Chato!
E o pior não foi isso, porque sou a favor de nos explicarem as coisas (embora, mesmo assim, muita coisa tenha ficado por explicar, o que não quer dizer que não estivesse na parte do livro que não li), mas antes foi o facto de a informação ser repetida até à exaustão. O leitor não precisa ser dito a mesma coisa cem vezes, por favor!

Também tive um problema logo ao início, que foi perceber se o protagonista era um rapaz ou uma rapariga. Com um nome tipo Gerge/Georgia ou coisa que se assemelhe, e nenhuma característica distintiva no seu comportamento, fala ou descrições, era impossível chegar a um consenso. Só mais tarde (capítulo 2) é que finalmente percebi que era uma rapariga, mas mesmo sem grandes bases a apoiar essa teoria, que não o facto de ela própria dizer que os nomes mais comuns para raparigas eram Georgia e outros que tal (em homenagem a George A. Romero, que se não sabem quem é, é porque não gostam de filmes de zombies).

Infelizmente as personagens, que supostamente já tinham vinte e muitos anos, agiam como crianças e adolescentes. Irritou-me isso. Imaginamos que no meio de um Apocalipse zombie, as pessoas amadureçam mais depressa, mas nesta história parece é que cada vez ficam mais infantis por mais tempo (refiro-me a todas as personagens, mas especialmente aos pais da Georgia).

Noutra nota, a Georgia está-nos sempre a dizer que o seu blog é imparcial e que ela se limita a transmitir as notícias, mas tudo o que eu vejo são opiniões, pontuadas com algum profissionalismo, mas ainda assim cheios de opiniões pessoais. Um verdadeiro jornalista, sério, limita-se a dar os factos e não tenta dizer-nos que é imparcial e depois, entrelinhas (ou mesmo de forma óbvia), acaba por nos dizer o que acha e o que nós devemos fazer.

Os fãs de filmes de zombies, encontrarão aqui várias referências a várias películas de culto (ou nem tanto). Let out the movie-geek in you!

Enfim, tive de abandonar a leitura depois de 273 páginas, porque sinceramente já não aguentava mais politiquice. Como é que falam tão bem deste livro? Não compreendo, sinceramente ...
É capaz de ser um bom livro para quem gosta de política e de técnicas de segurança, assim como para jornalistas e até bloggers aficionados (mas eu sou blogger e não gostei), mas para os restantes leitores, o meu conselho é que se afastem. Fiquem bem longe! A menos que queiram ser aborrecidos de morte.
Isto não é um livro sobre zombies, é um livro sobre uma campanha política, sobre o jornalismo e sobre mais umas quantas coisas que chateiam de tanto serem exploradas. Mas zombies? Não! Só lá estão para fazer de conta. E isto vem de uma fã do género (no cinema), que sabe que uma boa história de zombies se foca nas personagens. Infelizmente, Feed não fez isso, e como tal perdeu-se.


Capa:
A capa está perfeita, em todos os sentidos. Não há um zombie à vista e o foco está todo no símbolo de 'feed', que no fundo é tudo o que este livro é. Um grande manual sobre como seriam os blogs num mundo infestado de zombies (se se esquecessem dos zombies) :)

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails