segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Os Homens que Odeiam as Mulheres

"Os Homens que Odeiam as Mulheres (Millennium 1)", de Stieg Larsson (publicado pela Oceanos) - página oficial em português

Sinopse:
O jornalista de economia MIKAEL BLOMKVIST precisa de uma pausa. Acabou de ser julgado por difamação ao financeiro HANS-ERIK WENNERSTÖM e condenado a três meses de prisão. Decide afastar-se temporariamente das suas funções na revista Millennium. Na mesma altura, é encarregado de uma missão invulgar. HENRIK VANGER, em tempos um dos mais importantes industriais da Suécia, quer que Mikael Blomkvist escreva a história da família Vanger. Mas é óbvio que a história da família é apenas uma capa para a verdadeira missão de Blomkvist: descobrir o que aconteceu à sobrinha-neta de Vanger, que desapareceu sem deixar rasto há quase quarenta anos. Algo que Henrik Vanger nunca pôde esquecer. Blomkvist aceita a missão com relutância e recorre à ajuda da jovem LISBETH SALANDER. Uma rapariga complicada, com tatuagens e piercings, mas também uma hackerde excepção. Juntos, Mikael Blomkvist e Lisbeth Salander mergulham no passado profundo da família Vanger e encontram uma história mais sombria e sangrenta do que jamais poderiam imaginar.

Opinião:
Devido às muitas críticas positivas que este livro tem recebido, eu tinha as expectativas altas, embora tente sempre entrar numa nova leitura de forma imparcial. O que eu queria deste livro era um bom mistério que me deixasse agarrada e que me surpreendesse.
Infelizmente, não foi bem isso que recebi.

A coisa que mais me incomodou e que menos me incentivou a ler mais compulsivamente esta história, foi a quantidade de despejo de informação (info dump) que foi passada na primeira metade do livro. Era algo que me dava arrepios. Demasiadas explicações, diálogos longos e aborrecidos sobre uma infinidade de pormenores que me cansavam enquanto leitora.
Claro que compreendi a necessidade de muita dessa informação, mas também houve muita coisa altamente desnecessária, sem que fosse necessário contar tudo até ao mais ínfimo (e irritante) pormenor.
Por várias vezes ponderei abandonar a leitura, mas como tinha lido algures que o final era totalmente imprevisto, segui a leitura, por vezes num desinteresse tal que me perguntava porque estava a dar-me ao trabalho de ler um livro de 544 páginas, cuja primeira metade me demorara, nada mais nada menos que 17 dias a ler (isto pareceu-me uma eternidade comparada com os 6 dias que demorei a ler o resto, e que ainda assim foi bastante tempo).
Felizmente, depois de passar o meio do livro, as coisas começaram a encarreirar-se (ou seria eu que já estava ambientada com o estilo do livro) e daí foi um saltinho até ao final. Confesso que a segunda parte redimiu de certa forma a impiedosa primeira parte.

A nível de personagens, devo dizer que achei que os dois protagonistas foram muito bem expostos e explorados, mas não gostei de nenhum dos dois. XD
O Mikael, embora fosse dos dois o meu favorito, é um homem que me irrita até um certo ponto porque é um mulherengo que faz com que todas as mulheres se derretam a seus pés. Felizmente é um homem também muito integro e aprendi a apreciá-lo enquanto "ser humano".
Já a Lisbeth, que sempre se mostrou uma personagem bastante única, cometeu alguns erros injustificados. Como é que alguém tão inteligente (como supostamente ela é) conseguiu ser tão ingénua? Afinal quem é que, depois de ser mordida por um cão feroz, entra de livre vontade na casota do cão? Que estava à espera? De ser lambida? Era óbvio que na segunda vez o cão não se limitaria a morder. A ingenuidade (e estupidez) dela irritou-me! (desculpem lá a comparação, mas não quero estragar a festa a quem não leu o livro)
Escusado será dizer que lhe fiquei com algum "pó". Não gostei dela, embora não desgoste totalmente da sua forma de ver as coisas. É uma personagem complexa que me deixa algo dividida (ponto a favor para o autor).
Infelizmente, no que respeita a personagens o autor também falhou ao não conseguir expor convenientemente as personagens secundárias. Nem o próprio Henrik Vanger, que era das personagens secundárias mais presentes, foi suficientemente bem mostrado para sentir algo em relação a ele. E tudo isto fica pior quando falamos dos "vilões" que, diga-se, foram tão mal explorados que até doeu. Uma pena, pois havia muito potencial.


Quanto à história em si,e depois de ter já dito que esperava muito mais, devo confessar que não fui apanhada de surpresa pela resolução do mistério. Logo no início do livro percebi o que tinha realmente acontecido à Harriet, e nada do que foi dito ou mostrado depois disso conseguiu tirar-me a verdade da cabeça. Só por aí, senti-me defraudada.
Depois houve o resto ... a história grotesca por trás da família Vanger, que a mim me pareceu mais uma jogada para impressionar o leitor com a sua violência, do que outra coisa. Também esse mistério não me surpreendeu na sua resolução, embora quando comecei a história não esperasse algo assim, mas como os crimes foram expostos antes do meio do livro, eu esperava ser surpreendida com a verdade sobre quem os cometia, coisa que não aconteceu pois o "culpado" era o meu suspeito número um.
A verdade é que penso que a forma como o autor escreveu o livro lhe tirou muita momentaneadade. Sinto que se este tivesse um compasso mais acelerado eu teria ficado surpreendida com quase todas as reviravoltas, mas a forma como tudo foi desvendado foi muita anti-climática, a meu ver, o que tirou muita adrenalina e surpresa das situações em causa.

Uma coisa que gostei foi do fim, refiro-me ao fim fim (últimas 2/3 páginas) que deu um novo alento à personagem da Lisbeth. Bem jogado!

Em suma, foi um livro cuja primeira metade cruzou o limite do aborrecido, mas que conseguiu apanhar o passo na segunda metade. A escrita do autor é muito acessível, mas arrasta-se até à exaustão e por isso perdeu muito valor enquanto mistério capaz de surpreender até às últimas páginas (coisa que não foi).
Não vou deixar de aconselhar o livro a quem goste de livros de mistério, mas advirto que para quem não gosta de longos diálogos e ainda mais longas descrições infinitamente pormenorizadas, poderá não gostar deste livro.
Se alguém me oferecer o segundo volume, sou bem capaz de o ler, mas caso tal não aconteça, não tenho intenções de comprar a restante saga.

Tradução:
O livro teve uma tradução aprimorada que não esqueceu detalhe nenhum e só muito esporadicamente encontrei um ou outra palavra que não estava bem contextualizada, No entanto, do que senti falta foi de algumas notas de rodapé. Este é um livro carregado de menções a ícones característicos da região onde se passa a história, e ao não haver lugar para notas de rodapé que expliquem aos incautos o que é o quê, perdeu-se algum valor. Refiro-me especialmente aos muitos livros e, especialmente, revistas mencionadas, já sem falar em algumas bebidas e variados objectos culturais. Uma nota a dizer que género de revista era, ou que tipo de bebida era, faria com que a história fizesse um pouco mais de sentido. mas também afirmo que isto não interferiu de todo na fluidez do livro, apenas achei que seria uma mais valia.
Noutro apontamento, achei que o título se encaixou que nem uma luva no livro.

Capa e Design:
Confesso que sempre gostei mais da versão da capa da 1ª edição portuguesa, mas esta (a partir da 2º edição, se não estou em erro) não está muito má, embora bem mais básica que a anterior.
É um caso claro de, primeiro estranha-se, depois entranha-se.
O design interior está básico, mas bem conseguido para o género literário em que se integra. Neste campo não há nada a apontar.

Os Homens Que Odeiam as Mulheres - www.wook.pt

2 comentários:

  1. Tenho lido muitas críticas positivas deste livro e dos outros dois que se seguem...será que me vai acontecer o mesmo que tu? Quando as expectativas são altas...
    visita o meu blog: http://otempoentreosmeuslivros.blogspot.com
    Boas leituras"

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  2. Compreendo perfeitamente porque não gostaste do livro, é uma questão de gosto pessoal. No meu caso, embora concorde contigo em muitas coisas (excepto no caso da Lisbeth, gostei muito dela) a impressão final acabou por ser positiva. :) Isto porque não sou muito de policiais e este deixou-me interessada até ao fim. Algum mérito deverá ter! :)
    Uma coisa é certa, o livro está muito sobrevalorizado, embora seja possível que muita gente fale pelo conjunto dos três e não apenas neste primeiro.

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